sexta-feira, 6 de abril de 2012

Ilha de Santo Aleixo


Sai da praia em Barra de Sirinhaém no rumo ENE em direção à barra. Logo tive que puxar o caiaque sobre um banco de areia que não tinha nem um palmo d'água. Quando ficou um pouco mais fundo tentei remar mas a correnteza contra não me deixou progredir. Puxei o caiaque mais uns cinquenta metros até sair do canal formado no banco de areia. Em águas mais profundas remei tranquilo protegido pelos arrecifes que estavam à tona. Ao me aproximar da boca da barra fiquei observando a quebração onde não se viam mais as pedras.

Eram umas "ondinhas" respeitáveis, mas achei que dava para encarar. Acho que tomei o rumo da ilha cedo demais pois no cruzamento da linha dos arrecifes toquei com o remo nas pedras várias vezes. As ondas lavavam o caiaque por cima mas consegui me manter perpendicular a elas e deu tudo certo.

Já fora da barra  observei que as ondas vinham de duas direções: NE e SE, como se a ilha as dividisse, o que fazia o mar ficar muito mexido, mas sem quebração. à medida que me aproximava da ilha o mar ia se tornando menos agitado, com as ondas mais definidas e mais longas. Aí a remada ficou muito tranquila.

Já pertinho da ilha a água muito limpa deixava ver o fundo de corais. Tentei sondar com o remo mas não alcancei o fundo. Um pouco mais adiante foi ficando raso até que encalhei a poucos metros da praia. Desci e puxei o caiaque para a areia. Caminhei na praia relaxando os braços e vi uma lancha que habilmente encontrava seu caminho naquele fundo de corais até chegar bem perto da praia ao Norte da enseada. Como ela tinha vindo lá das bandas de Serrambi fui lá e perguntei pelos caiaques que deveriam sair de lá. O marinheiro me informou que quando eles saíram de Serrambi tinha um bocado de caiaques ainda na praia.

Resolvi então que não esperaria pelo grupo. Estava querendo voltar à Sirinhaém antes da maré alta cobrir as pedras, pois não tinha uma boa referência para entrar na barra. O marinheiro da lancha ainda me deu uma dica de uma boia que marca a entrada da barra.

A volta foi tranquila mas meus braços já não eram mais os mesmos. Me aproximando da barra vi a boia que o marinheiro falou. Uma lancha passou. Remei para a boia e depois segui mais ou menos no rumo que a lancha foi. Fui me aproximando da quebração e tentei ficar em sincronia com as ondas. Passou uma, duas, três... Na quarta comecei a remar forte e consegui pegar um "jacaré". Ela me passou e quebrou bem na minha frente. Continuei remando forte e consegui escapar da próxima onda que quando quebrou eu já estava lá na frente.

Mas a surpresa veio logo mais quando vi que havia outra linha de arrebentação à frente. E as ondas pareciam maiores. Tentei a mesma estratégia de antes mas não deu certo. Uma onda quebrou bem atrás de mim e virou o caiaque. Minha surpresa foi que ao cair estava com água pela cintura, em cima de uma laje de pedras. Ainda bem que estava calçado. Desvirei o caiaque e verifiquei que não perdi nada; tudo bem amarradinho :-) Mantive o caiaque alinhado enquanto tentava subir; mas era uma onda atrás da outra, muito rápido. Bom, consegui e estou aqui pra contar a história.

De volta ou controle da situação percebi que eu estava muito ao Norte de onde tinha saído. Deveria ter rumado mais para o Sul depois da boia. Meus braços só funcionavam na taxa de três minuto de trabalho por um de descanso. Remei por fora do banco de areia que encarei na saída até ficar em frente à praia de onde parti e deixei a maré e o vento me levarem.